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Como lidar com uma semana estressante - Um erro e seis acertos

Atualizado: 11 de ago. de 2022

A melhor forma de lidar com o estresse não é fugir dele, mas sim criar resiliência. Vamos entender como fazer isso.




O estresse faz parte de nossas vidas. Ele nos deixa irritados, tensos e preocupados, além de ter uma série de efeitos deletérios a longo prazo no nosso corpo. Mas o que ele é? O estresse é uma pressão, uma tensão que demanda por resposta - são problemas que nos obrigam a nos movimentar e buscar soluções. Estresse demais é sofrido e desgastante - ele faz o nosso corpo e nossa mente entrarem em modo de emergência - e logo pagamos o preço por estarmos fazendo tantas coisas ao mesmo tempo. Saber lidar com o estresse é uma habilidade essencial para as nossas vidas. Neste texto falo sobre um erros comum e seis acertos ao lidar com o estresse de uma maneira saudável.

O erro que cometemos vem do pressuposto que uma vida sem estresse é o que nos fará bem. Sonhamos e fantasiamos em estar sem preocupações, em uma rede, com sombra e água fresca. O que eu gostaria de ressaltar, no entanto, é que para algumas pessoas talvez demore uma semana, para outras dois meses, mas uma hora vai chegar o momento em que, ao permanecermos nesse estado por muito tempo, os dias se tornam vazios, e fazer qualquer coisa se torna uma lamúria. É só lembrar na dificuldade que é sair de casa para ir à farmácia ou à padaria no final de um dia de domingo preguiçoso no qual nem tiramos o pijama, e comparar com a quantidade de esforço que é necessária para fazer o mesmo trajeto depois de um dia de trabalho, logo antes de chegar em casa. Provavelmente fazer algo assim depois de um dia de trabalho exigirá menos esforço, mesmo que estejamos mais cansados, pois estamos ativos e alertas.

Isso acontece porque o nosso corpo se autorregula. Às vezes estamos no nosso modo ação, às vezes estamos no nosso modo relaxamento. Quanto menos gastamos energia, menos energia nosso corpo nos oferece (assim como nossos músculos, que se fortalecem com o seu uso e enfraquecem com o sedentarismo). É crucial relaxarmos, mas, se não tomarmos cuidado, os nossos dias podem se tornar vazios, pois a maioria das coisas que são verdadeiramente significativas também requerem esforço, isto é, são estressantes.


Portanto, uma vida estressante do jeito certo é muito mais condizente com um bem estar do que uma vida isenta de atividades. Se formos lembrar, em nossas vidas, de algum momento em que nos sentimos bem, é mais provável que nos lembremos de quando tínhamos algo para fazer e nos sentíamos engajados e comprometidos. É provável também que lembremos dos dias que compartilhamos com as pessoas que amamos e com a nossa comunidade (seja ela qual for). Nos conectar às outras pessoas também é uma outra grande fonte de satisfação e bem estar em nossas vidas. Às vezes essas duas atividades competem por nosso tempo, mas seríamos sábios se tentássemos alcançar uma vida que seja sustentável para ambas. Em outras palavras, se livrar do estresse completamente não é uma boa solução.

Se a ausência de atividades nos faz entrar no modo relaxamento, a sua presença nos coloca em um de outros dois modos: o modo engajado e o modo de emergência. O modo de emergência é o que comumente pensamos quando falamos sobre estresse. Problemas insolúveis por toda parte que demandam muito do nosso corpo e da nossa mente e nos causam sofrimento e desgaste.

A chave para lidar com o estresse é navegar entre "não ter nada para fazer" e "coisas demais que estão fora do nosso controle" para permanecermos no estado de engajamento, onde resolvemos problemas mas não somos afogados por eles. É neste estado que reside o estado de Flow - um estado mental que acontece quando uma pessoa realiza uma atividade e se sente totalmente absorvida, perdendo a noção de tempo em um estado de engajamento, prazer e foco total no que está fazendo.


Portanto, este é um dos grandes erros quando estamos lidando com o nosso estresse. Nós achamos que queremos estar des-estressados e buscamos alívio completo, como se isso fosse encher as nossas baterias e jogar essa peso, como se fosse um lixo tóxico. Contudo, o alívio do estresse não nos ajuda tanto. Duas estratégias são melhores.

A primeira estratégia diz que é melhor lidar com a fonte do problema. Em vez de ficar tentando liberar a pressão da panela, reduzir o fogo será bem mais eficaz. Por exemplo, por mais sofrido que seja, ter uma conversa difícil quando o relacionamento está conturbado pode ser o equivalente a lidar com a fonte do problema, em vez de tentar esquecer as coisas e ter momentos bons juntos. Uma outra analogia seria a médica. Assim como tratar uma infecção ou fazer uma cirurgia pode ser sofrido, é melhor a longo prazo do que ficar remediando os sintomas, com analgésicos e remédios para dormir. Isso pode parecer um pouco óbvio, mas, para quem vive, a escolha de passar pelo sofrimento em vez de fazer o que resolve as coisas por enquanto é difícil de fazer.

Quando não podemos lidar com a fonte, no entanto, uma forma mais proveitosa para lidar com o estresse é trabalhar na nossa resiliência ao estresse, que é muito mais duradouro e profundo do que meras distrações. Assim podemos passar do modo emergência para o modo engajado, onde alcançamos coisas significativas, não sem esforço, mas com bem menos sofrimento.


Estas são as seis formas mais proveitosas para aumentar a nossa resiliência para lidar com o estresse:

(1) Conectando-se com outras pessoas.

(2) Movimentando-se.

(3) Ajustando o sono.

(4) Envolvendo-se em formas significativas de lazer.

(5) Deligando-se da internet e passando um tempo com a natureza.

(6) Melhorando a alimentação.




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André Wageck

Especialista em terapia clínica cognitiva-comportamental pelo Instituo WP. Graduado em psicologia e mestre em filosofia da mente pela Universidade Federal do Paraná

andrewageck@gmail.com

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☎ (41) 98485-8089

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©2020 por André Wageck

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